O paradoxo da falta de mão de obra especializada e milhões de desempregados
Um estudo da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgado em fevereiro deste ano, mostrou que apesar da alta de desemprego no país, a falta de mão de obra afeta metade do setor. Pode parecer que a conta não fecha, afinal, tem gente procurando emprego e tem vaga em aberto, mas precisamos adicionar a essa conta um fator fundamental: a qualificação.
A mão de obra que está faltando nas indústrias e até mesmo em outros setores, é a qualificada. Por exemplo, o levantamento da CNI mostrou que 96% das fábricas que responderam ao estudo têm dificuldade de encontrar operadores qualificados e 90% disse que o desafio está em encontrar técnicos qualificados. Os engenheiros ficaram em 5º lugar nas respostas, com 77% das empresas do setor dizendo que não encontram engenheiros qualificados para atuar na produção. Além desses, também foi indicada a falta de mão de obra qualificada em vendas, administração, gerência e pesquisa e desenvolvimento.
Vale lembrar que esse cenário não é de hoje. Estudos de 2011 e 2013 apontaram que 66% das empresas tinham problemas para contratar profissionais qualificados. No estudo atual da CNI, esse número caiu para 50%, mas isso não foi em decorrência de mais contratações, mas da redução das equipes por conta da crise econômica dos últimos anos.
Por que falta mão de obra qualificada?
A falta de mão de obra qualificada é resultado da falta de acesso à educação e a falta de acesso a uma formação de qualidade. Os brasileiros que chegam ao nível educacional médio, por exemplo, recebem uma educação genérica, que pouco prepara para o mercado.
Já nos cursos de graduação, temos outros problemas que resultam nesse cenário, como a quantidade de desistências ao longo do curso, a qualidade do ensino e das instituições.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) de 2016, a cada 175 alunos que ingressam nos cursos, 95 se formam.
Um estudo de 2017 da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge), também traz um dado preocupante quando pensamos na qualidade do ensino, das instituições que o oferecem o curso, 4% tem IGC 4 ou 5 (nota do MEC), sendo a maioria universidades públicas. As demais (maioria privada), têm IGC entre 3 e 2 e, segundo dados do Inep, dos 100.421 engenheiros formados em 2016, 71,58% eram da rede privada. Além de tudo isso, tanto redes públicas, quanto privadas, precisam alinhar as propostas de ensino com o mercado, para que formem profissionais que atendam a necessidade real do setor.
Como lidar com isso?
Para os profissionais em formação, a resposta é ser ativo sobre a sua própria educação. Acompanhar as mudanças do setor, estar informado sobre novas oportunidades, tendências e necessidades do mercado, com isso, ele poderá identificar como se qualificar para poder atender a uma demanda real. É hora do profissional se formar para o que o mercado precisa.
As empresas acabam adotando os treinamentos internos. Muitas vezes, vale mais a pena moldar um profissional para que ele atenda à necessidade, do que ficar trocando de pessoa e jogar o turnover lá em cima. No entanto, é fundamental que elas passem a olhar para o setor de recrutamento como altamente estratégico nesse cenário, uma vez que ele é a porta de entrada dos profissionais. Assim, a partir de um processo de recrutamento bem feito, é possível identificar o perfil certo para o cargo e mesmo que o profissional não apresente a experiência desejada, ele pode ser qualificado e atender a demanda da empresa.
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