A possibilidade das máquinas em uma linha de produção trocarem informações entre si em tempo real para identificar defeitos e fazer correções sem o intermédio de um humano pode parecer distante para a grande maioria das indústrias brasileiras. Porém, esse cenário já é realidade em países como Alemanha e EUA e o debate sobre o assunto começa a ganhar espaço por aqui. Essa é a Indústria 4.0 ou também conhecida como a Quarta Revolução Industrial.
Segundo uma pesquisa realizada pela FIESP em parceria com o SENAI-SP com indústrias do estado de São Paulo, 32% das empresas entrevistadas não tinham ouvido falar nos termos “quarta revolução industrial”, “Indústria 4.0” ou “Manufatura Avançada”. Um cenário preocupante para a economia e o desenvolvimento nacional, já que nos coloca anos atrás dos países citados anteriormente.
O que é a Indústria 4.0?
A Indústria 4.0 começou a ser debatida em 2011, na Alemanha, quando iniciou-se o processo de digitalização da operação industrial. Tecnologias já aplicadas em outras vertentes, como Big Data, inteligência artificial, computação em nuvem, impressão 3D, entre outros, chegam na indústria para para trazer inteligência à manufatura e um universo de possibilidades.
A utilização dessas tecnologias no chão de fábrica traz competitividade ao negócio, otimiza a eficiência da cadeia produtiva, adiciona valor ao produto final, otimiza o uso dos recursos e tem a capacidade de customizar as soluções tecnológicas. Mesmo com a produção em massa, a máquina pode receber pedidos dos clientes e personalizar cada um dos produtos, sem prejudicar a velocidade da produção.
Em um cenário tão competitivo nacional e globalmente como o de hoje, não começar a transformação o mais cedo possível é arriscar ficar obsoleto em um curto período de tempo. Assim como as outras revoluções industriais trouxeram grandes progressos, essa também o faz, porém, o tempo para se adaptar está incrivelmente menor.
A Indústria 4.0 no Brasil
Se apenas um terço das empresas entrevistadas na pesquisa citada anteriormente conhecem o termo da Indústria 4.0, já pode-se entender que o Brasil não está em uma situação favorável quanto a isso. Ainda estamos nos adaptando para a fase anterior, a Indústria 3.0, onde se tem automatização por meios eletrônicos, utilização de robótica e o uso de computadores no chão de fábrica.
De acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), estima-se que 15% das empresas de países como EUA, Coreia do Sul, Israel e Alemanha adotam a manufatura avançada. Enquanto no Brasil, as empresas que utilizam essas novas tecnologias fica em apenas 2%. Apesar disso, a boa notícia é que não precisamos “terminar” o processo para a indústria 3.0 para seguir em diante, podemos pular etapas e alcançar os países desenvolvidos.
A grande preocupação e desafio que se traz quando se debate o assunto é a questão da mão de obra e a quantidade de trabalhadores que serão substituídos pelas máquinas. É importante enfatizar que esse é um jeito errado de se ver a transformação na indústria. Sim, infelizmentes pessoas perderão o seu emprego, pois essas novas tecnologias podem fazer o trabalho operacional muito bem, mais rápido e praticamente a prova de erros. Por outro lado, ela não pode substituir uma pessoa para decisões estratégicas.
Enquanto alguns cargos deixarão de existir, muitos outros surgirão, pois é necessário a construção, supervisão e o uso estratégico desses recursos tecnológicos.
O que fazer para mudar o cenário nacional?
Pensando nesse ponto da mão de obra, se torna fundamental a capacitação dos colaboradores da indústria, para que eles saibam trabalhar com essas tecnologias e que possam tirar o máximo de resultados possíveis. Não apenas capacitação técnica, mas precisa existir anteriormente uma transformação cultural em todos da empresa, a começar pelos cargos de alta liderança.
Alguns elementos que dificultam a implantação de um projeto de transformação digital é a falta de engajamento dos funcionários, ceticismo e medo. Por isso a capacitação, treinamento e a clara comunicação sobre como será feita a mudança se tornam tão importantes. Se os operadores da ponta não entenderem o porquê do projeto e como eles também fazem parte dele, dificilmente ele será concluído.
A cibersegurança também é um ponto importante nesse momento. Com todos os equipamentos conectados, internet das coisas, big data e computação em nuvem, a segurança digital se torna parte crucial do sucesso do projeto. É fato que os principais alvos são as grandes indústrias, mas não é por causa disso que a segurança também não deva ser prioridade das pequenas e médias empresas.
Não podemos deixar de citar a participação do governo para que a indústria consiga passar pela Quarta Revolução Industrial. Fatores externos às empresas, como uma reforma em agendas públicas, investimentos em educação e em inovação e a conscientização sobre a transformação digital na sociedade, também têm grande influência para o desenvolvimento industrial.
Mesmo sabendo dessa importância, as empresas não podem ficar paradas esperando, pois, para competir globalmente, a indústria nacional deve aumentar sua produtividade e participação na economia brasileira.
É verdade que a indústria brasileira está atrás de outros países quanto a manufatura avançada, porém, precisamos começar o quanto antes essa mudança para continuarmos competitivo. É um processo que pode demorar de uma a duas décadas, mas, se compararmos com outros períodos da história, esse é um tempo curto para transformar a indústria nacional como um todo.
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